Azul, lua e sol, preto e branco, preto no branco, cinza no azul? Tô tão sem tom!
Por que é que têm dias que a gente se sente sem cor? Como se estivesse destoando do resto da paisagem? Parece que juntaram dois filmes, um mudo, e em P&B; e outro em HD, Dolby D e 3D?
As palavras não saem, pelo menos não são mais ouvidas, precisam de legendas, precisam ser traduzidas, da língua do sentimento para a língua dos sentidos. Têm que fazer sentido.
Mas não fazem. Nada faz sentido. Nem a lua, em plena luz do dia; só vem compor o cenário, do contexto mais que surreal, desse meu diário.
Mas não fazem. Nada faz sentido. Nem a lua, em plena luz do dia; só vem compor o cenário, do contexto mais que surreal, desse meu diário.
Tem sol, tá calor, mas faz frio. Tem dia, mas de noite dá arrepio. Tem vida, mas parece tudo vazio. Tem dó!
Será que é drama, comédia, suspense?
Terror, romance, ‘nonsense’?
Ou tudo junto num filme de dar nó?
Será que dá pra voltar a fita, ou é película de uma exibição só?
É que eu queria rever uma sequência, uma cena, aquela ali, em câmera lenta, só para entender o que aconteceu, só pra entender o que se sucedeu! Pode ser?
Não, não dá pra voltar, o que passou já é passado. E o que ficou, fica embaçado.
Limpe a lente aí, Dona moça, que daqui pra frente, tem que ser diferente!
Tem que focar e focalizar, ajustar as cores, as dimensões, as distâncias e os efeitos reais!
Direção impecável pra tentar ter sequência, e um final que não precisa ter cadência,
já que é ‘cadengue’, por excelência!
Mas precisa ter um final, um desfecho, pra poder morrer, renascer... ou não!
Não precisa ter final de contos, e viver feliz pra sempre, que coisa mais doente!...
Eu só quero um final, pra sair da sala vendo os créditos subindo, e o público partindo, com a sensação de que valeu a pena! Cada um com o seu fim, da maneira que conseguir ver, da maneira que conseguir ser, da maneira que conseguir viver, enfim!