quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Que filme é esse?


Azul, lua e sol, preto e branco, preto no branco, cinza no azul? Tô tão sem tom!
Por que é que têm dias que a gente se sente sem cor? Como se estivesse destoando do resto da paisagem? Parece que juntaram dois filmes, um mudo, e em P&B; e outro em HD, Dolby D e 3D?
As palavras não saem, pelo menos não são mais ouvidas, precisam de legendas, precisam ser traduzidas, da língua do sentimento para a língua dos sentidos. Têm que fazer sentido.
Mas não fazem. Nada faz sentido. Nem a lua, em plena luz do dia; só vem compor o cenário, do contexto mais que surreal, desse meu diário.
Tem sol, tá calor, mas faz frio. Tem dia, mas de noite dá arrepio. Tem vida, mas parece tudo vazio. Tem dó!
Será que é drama, comédia, suspense?
Terror, romance, ‘nonsense’?
Ou tudo junto num filme de dar nó?
Será que dá pra voltar a fita, ou é película de uma exibição só?
É que eu queria rever uma sequência, uma cena, aquela ali, em câmera lenta, só para entender o que aconteceu, só pra entender o que se sucedeu! Pode ser?
Não, não dá pra voltar, o que passou já é passado. E o que ficou, fica embaçado.
Limpe a lente aí, Dona moça, que daqui pra frente, tem que ser diferente!
Tem que focar e focalizar, ajustar as cores, as dimensões, as distâncias e os efeitos reais!
Direção impecável pra tentar ter sequência, e um final que não precisa ter cadência,
já que é ‘cadengue’, por excelência!
Mas precisa ter um final, um desfecho, pra poder morrer, renascer... ou não!
Não precisa ter final de contos, e viver feliz pra sempre, que coisa mais doente!...
Eu só quero um final, pra sair da sala vendo os créditos subindo, e o público partindo, com a sensação de que valeu a pena! Cada um com o seu fim, da maneira que conseguir ver, da maneira que conseguir ser, da maneira que conseguir viver, enfim!

domingo, 11 de setembro de 2011

Os nossos Céus

Frequentemente me remeto ao etéreo, pois é ali que encontro espaço para acomodar tudo o que vai no meu pensamento, e, assim, resolver minhas questões de momento.

É incrível como conseguimos nos expandir nas dúvidas e nos implodir com as soluções!
A capacidade criativa do ser humano sempre trabalha a favor da complicação!

Essa confusão mental dá margem a infindáveis interpretações, como as imagens que construímos no céu repleto de nuvens. De acordo com o momento, dos ventos e dos movimentos, podemos ter a convicção de que formamos as mais aterrorizantes formas, ou as mais sublimes, dependendo do nosso estado de ‘espírito’; assim, o céu pode se transformar em inferno, ‘you name it’!

Entre Céus e Infernos vamos vivendo, até que chega um belo dia de céu azul, sem nuvens, que nos impossibilita criar nossas convenientes formas de pensamento e nos apresenta uma tela limpa, plana e infinita, onde não há outra possibilidade senão nos lançarmos à composição de nossa própria Divina Comédia.

E é nesse momento que temos realmente contato com o que somos, e onde realmente estamos. Num lugar/estado intermediário, longe de qualquer imaginário das mentes conturbadas e abaladas por seus próprios purgatórios.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Tempo... tempo...

Tempo, tempo... a passagem dele... o seu registro... o que faço com tudo isto?
O que é importante, afinal?
Registrar datas, registrar marcas, ou deixar que o tempo leve tudo?
É justamente sentir a leveza dos ponteiros que giram e nunca voltam ao mesmo lugar. Como nossas vidas, nossos eixos e mecanismos são perfeitos e se ajustam de acordo com a intensidade e qualidade de nossos marcadores.
Olho para frente e vejo uma ampulheta, cada grão de areia tem o seu compasso e assim eu passo, pelo gargalho, pelo afunilamento, fluindo naturalmente.
Quero perder esta contagem, me misturar ao todo sem paragem, encontrar a minha cadência, para que ao final, não tenha noção do que passou, do que virá ou do que ficou.
Afinal, o que importa mesmo é não vê-lo passar, é conservar nossa essência sempre nova, ao menos renovada, eliminando barreiras que só nos impedem de viver.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O Sr. Acaso

O que me causa mais deleite neste momento é o que eu retenho através da observação, da contemplação da natureza e dos seres que me rodeiam. E tenho sido agraciada com grandes lições que chegam no momento certo para serem absorvidas e gravadas na matriz do meu ser. Tudo é importante e oportuno, tudo me faz transbordar em emoções inefáveis.
O que me chama mais a atenção neste momento é como o Sr. Acaso nos visita de tempos em tempos e nem sempre é bem recebido, ou até percebido. Mas, como o raio de sol do amanhecer que chega sem fazer alarde, mesmo encontrando portas e porteiras fechadas, e pessoas adormecidas, não deixa de deslumbrar, de encontrar um meio de penetrar nas frestas e chegar até os mais remotos cantos e ângulos, mesmo que sua luz se limite, mesmo que não o vejamos, a princípio.
Na verdade, o Sr. Acaso não precisa mesmo que o esperemos, só que mantenhamos nossos cadeados e olhos semiabertos, fechaduras destravadas e dispositivos de segurança displicentemente desligados, para que ele possa nos surpreender com um susto de arrebatamento, aquele que nos rouba o fôlego, fortuitamente, até nos encontrarmos uma outra vez, em breve intervalo, quando menos esperarmos, mas quando mais precisarmos, pois o relógio do Sr. Acaso é preciso, não atrasa, nem adianta.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Quando entrar Setembro...


Os grãos de areia finalmente se esvaem numa velocidade absurda!

E quando chegam ao fim, me dou conta de que a ampulheta está colada na mesa.

O tempo parou, nem que seja na sua contagem, nem que seja na queda da areia.

Ele parou para que as horas descansassem, para que tudo pudesse ser observado na magia do estar contemplativo. E para alertar que a espera é em vão. Não se pode voltar neste túnel de mão única, não se pode simplesmente dar passos em ré. A teia convida para a ascensão, numa espiral estonteante, onde a galgada me traz, me entrega e eu me entrego a ela, emaranhadamente perdida para me encontrar no final.

Esta Primavera que chega é tão interessante! Ela traz a renovação dos sentimentos, a vivacidade, a esperança real de que tudo pode e deve mudar, pois somos seres em constante movimento e mutação.

E Setembro chegou, anunciando que meu Inferno vai ser diferente, pois tem um novo astral. Tem um querer, tem vontades de mais e mais, e tenho muito para dar e receber, pérolas a compartilhar com quem quiser chegar, simplesmente passar ou ficar um bocadinho mais.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Uma nova paisagem

Uma nova paisagem, um novo horizonte, um convite ao salto pelo misterioso desconhecido, podem sempre render sensações curiosas.

O mar se apresenta revolto em sua superfície, cinza no turbilhão das ondas que abraçam a orla, mas se nos lançarmos destemidamente ao outro lado da proteção, se mergulharmos no olho de sua revolta e explorarmos seu âmago, nos depararemos com o azul profundo, o silêncio e a calma que se instalam em suas profundezas.

Não é preciso utilizar-se de lentes capazes de transpor a distância, vencer diferenças e ajustar distorções para se chegar a este ponto onde o céu se dissolve no mar e o mar devora sua estrelas.

Nesse lugar, só se chega flutuando com os olhares, deixando que o vento acaricie cada poro da epiderme, envolvendo-se com o canto e os encantos das sereias, entorpecendo-se com os aromas que se desprendem dos néctares mais raros, e aguçando o paladar para que nada se perca do gosto doce desse delicioso desconhecido.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Carta ao meu amor


Não imagina o quanto senti a sua falta nos últimos tempos! Tinha a sensação de estar esfacelada. Ausentou-se sem me dizer aonde ia e onde estava. Nem ao menos deixou uma nota para me manter mais tranquila e saber que voltaria um dia!

Meus dias ficaram incompletos, sem razão de ser, pois já não tinha mais graça olhar para o céu, mergulhar no azul infinito, enamorar a lua, ou cantarolar na chuva. Onde estava a beleza das flores, do mar, dos campos e das cores?

Também não conseguia mais sentir o quão prazeroso é acordar com aquela sensação inexplicável de que o dia está maravilhoso, que a vida é bela, mesmo quando tudo insiste em me mostrar o contrário.

Sabe aqueles sorrisos sem graça cheios de graça e inesperados que eu só tinha com você ao meu lado? Também não se faziam mais presentes.

Quando você se fez ausente, parece que levou muitas outras presenças de minha vida e me deixou com muitas ausências que eu nem sabia que existiam.

E o meu coração? Pobre e infeliz dele! Morrendo com as pulsações escassas, mantendo-se vivo somente o suficiente para que meus outros órgãos não sucumbissem; como que por piedade!

Eu te odiei com todas as forças que me restaram! Praguejei-te e jurei que não ia te querer mais, se voltasse um dia! Tentei te substituir, na certeza de que não precisava mais de você. E até achei que havia conseguido, afinal, você nem era tão imprescindível assim...

Mas não é que você, bem no momento em que eu acreditava que já havia te superado, volta? Assim, sem mais nem menos, na certeza de que vai ser aceito, sem resistências de minha parte, sem nossas eternas discussões e argumentações?

Começo a examiná-lo e vejo que está diferente, traz algo de mais maduro em sua bagagem. Mais certo de si, apresenta-se com uma nova roupagem. Parece até que cresceu, que não cabe em si! Tento disfarçar.

Não posso me deixar levar, nem deixar de perguntar, de questioná-lo. Afinal, depois de todo esse tempo de seu paradeiro desconhecido, mereço uma explicação! Aí você me vem com aquelas respostas que sempre acabaram me levando:

‘Eu sempre estive com você, de alguma forma!’– diz, com todo o seu atrevimento característico. ‘E agora, voltei para ficar!’ – completa, descaradamente.

Eu até tento não demonstrar, mas acabo me entregando, sem muita relutância, por mais que tente parecer inabalada. Você chega e simplesmente se instala! E eu, sem muitas forças, recomeço a te enamorar. Imponho minhas novas condições (pouquíssimas), é claro, e te abraço como nunca! De todas as formas que ainda nem conheço...

Ah, meu amor... Eu precisava escrever pra te dizer: Que bom que está de volta!... Que bom que consigo te sentir novamente!... E que bom foi descobrir que nunca me abandonou! Sempre foi meu e esteve comigo, o meu amor incondicional, que me faz amar todas as coisas e pessoas que me rodeiam, a vida, e, principalmente, a minha vida; antes, e para que eu consiga me encantar pelas novas luzes que se achegam a ela neste momento!

Sem mais... nem menos!

busca

Busca... sempre estamos em busca de algo.
Às vezes do desconhecido, de algo que possa nos fazer bem, que nos possa trazer o conforto, a paz na alma, a certeza de que o amanhã virá, cheio de coisas boas.
Dizem que a busca traz o movimento, e o movimento a evolução.
Não importa o que façamos, sempre iremos encontrar uma nova lição, algo que colocamos na nossa bagagem da vida e que vai sempre fazer parte de nossa historia, vai fazer parte do que somos, da nossa personalidade.
É assim que funciona, é simples, como o é viver.
Que todos tenhamos uma ótima vida, o suficiente para saber que ela é muito maior e mais bela do que imaginamos!
Que possamos encontrar nesta busca todas as respostas, todos os sentimentos e pulsares que nos fazem humanos.