terça-feira, 2 de outubro de 2012

E entrou outubro...



E saiu setembro... E entrou outubro...

Nessa sucessão de saídas e entradas, paro para ver o que ficou, o que é a verdade, já que as incoerências do desconhecido me lançaram num devaneio...

Ah, bem neste exato momento em que consigo visualizar portas escancaradas, naquela distração tão deliciosamente desejada! Portas deste castelo que, a princípio, se abriram tímidas, janelas que ainda teimam em permanecer fechadas, mas que permitem que se vejam a paisagem despontada no horizonte trazendo a luz refletida do dia, ainda vestido com a névoa das lembranças dos sonhadores. A sala vasta, cheia de vazios e vãos a serem preenchidos; as paredes de pedra, agora, sinalizam as sólidas estruturas e não o frio silencioso trazido pelos ventos do sul.

E a noite? Ela sempre esteve presente e ainda lembra que é preciso alternar a luz e a escuridão. Ela traz o luar, as nuvens que dançam e formam nuances aqui, bem longe daquele lugar tão conhecido...

Pairo no silêncio, imagens refletidas me mostram um filme inédito. Outras imagens se formam a partir dos quadros, enquadrados na sequência tão perfeita do ‘nonsense’... 

Suspense reticente... Memórias dementes... Coerências incoerentes.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Que filme é esse?


Azul, lua e sol, preto e branco, preto no branco, cinza no azul? Tô tão sem tom!
Por que é que têm dias que a gente se sente sem cor? Como se estivesse destoando do resto da paisagem? Parece que juntaram dois filmes, um mudo, e em P&B; e outro em HD, Dolby D e 3D?
As palavras não saem, pelo menos não são mais ouvidas, precisam de legendas, precisam ser traduzidas, da língua do sentimento para a língua dos sentidos. Têm que fazer sentido.
Mas não fazem. Nada faz sentido. Nem a lua, em plena luz do dia; só vem compor o cenário, do contexto mais que surreal, desse meu diário.
Tem sol, tá calor, mas faz frio. Tem dia, mas de noite dá arrepio. Tem vida, mas parece tudo vazio. Tem dó!
Será que é drama, comédia, suspense?
Terror, romance, ‘nonsense’?
Ou tudo junto num filme de dar nó?
Será que dá pra voltar a fita, ou é película de uma exibição só?
É que eu queria rever uma sequência, uma cena, aquela ali, em câmera lenta, só para entender o que aconteceu, só pra entender o que se sucedeu! Pode ser?
Não, não dá pra voltar, o que passou já é passado. E o que ficou, fica embaçado.
Limpe a lente aí, Dona moça, que daqui pra frente, tem que ser diferente!
Tem que focar e focalizar, ajustar as cores, as dimensões, as distâncias e os efeitos reais!
Direção impecável pra tentar ter sequência, e um final que não precisa ter cadência,
já que é ‘cadengue’, por excelência!
Mas precisa ter um final, um desfecho, pra poder morrer, renascer... ou não!
Não precisa ter final de contos, e viver feliz pra sempre, que coisa mais doente!...
Eu só quero um final, pra sair da sala vendo os créditos subindo, e o público partindo, com a sensação de que valeu a pena! Cada um com o seu fim, da maneira que conseguir ver, da maneira que conseguir ser, da maneira que conseguir viver, enfim!

domingo, 11 de setembro de 2011

Os nossos Céus

Frequentemente me remeto ao etéreo, pois é ali que encontro espaço para acomodar tudo o que vai no meu pensamento, e, assim, resolver minhas questões de momento.

É incrível como conseguimos nos expandir nas dúvidas e nos implodir com as soluções!
A capacidade criativa do ser humano sempre trabalha a favor da complicação!

Essa confusão mental dá margem a infindáveis interpretações, como as imagens que construímos no céu repleto de nuvens. De acordo com o momento, dos ventos e dos movimentos, podemos ter a convicção de que formamos as mais aterrorizantes formas, ou as mais sublimes, dependendo do nosso estado de ‘espírito’; assim, o céu pode se transformar em inferno, ‘you name it’!

Entre Céus e Infernos vamos vivendo, até que chega um belo dia de céu azul, sem nuvens, que nos impossibilita criar nossas convenientes formas de pensamento e nos apresenta uma tela limpa, plana e infinita, onde não há outra possibilidade senão nos lançarmos à composição de nossa própria Divina Comédia.

E é nesse momento que temos realmente contato com o que somos, e onde realmente estamos. Num lugar/estado intermediário, longe de qualquer imaginário das mentes conturbadas e abaladas por seus próprios purgatórios.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Tempo... tempo...

Tempo, tempo... a passagem dele... o seu registro... o que faço com tudo isto?
O que é importante, afinal?
Registrar datas, registrar marcas, ou deixar que o tempo leve tudo?
É justamente sentir a leveza dos ponteiros que giram e nunca voltam ao mesmo lugar. Como nossas vidas, nossos eixos e mecanismos são perfeitos e se ajustam de acordo com a intensidade e qualidade de nossos marcadores.
Olho para frente e vejo uma ampulheta, cada grão de areia tem o seu compasso e assim eu passo, pelo gargalho, pelo afunilamento, fluindo naturalmente.
Quero perder esta contagem, me misturar ao todo sem paragem, encontrar a minha cadência, para que ao final, não tenha noção do que passou, do que virá ou do que ficou.
Afinal, o que importa mesmo é não vê-lo passar, é conservar nossa essência sempre nova, ao menos renovada, eliminando barreiras que só nos impedem de viver.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O Sr. Acaso

O que me causa mais deleite neste momento é o que eu retenho através da observação, da contemplação da natureza e dos seres que me rodeiam. E tenho sido agraciada com grandes lições que chegam no momento certo para serem absorvidas e gravadas na matriz do meu ser. Tudo é importante e oportuno, tudo me faz transbordar em emoções inefáveis.
O que me chama mais a atenção neste momento é como o Sr. Acaso nos visita de tempos em tempos e nem sempre é bem recebido, ou até percebido. Mas, como o raio de sol do amanhecer que chega sem fazer alarde, mesmo encontrando portas e porteiras fechadas, e pessoas adormecidas, não deixa de deslumbrar, de encontrar um meio de penetrar nas frestas e chegar até os mais remotos cantos e ângulos, mesmo que sua luz se limite, mesmo que não o vejamos, a princípio.
Na verdade, o Sr. Acaso não precisa mesmo que o esperemos, só que mantenhamos nossos cadeados e olhos semiabertos, fechaduras destravadas e dispositivos de segurança displicentemente desligados, para que ele possa nos surpreender com um susto de arrebatamento, aquele que nos rouba o fôlego, fortuitamente, até nos encontrarmos uma outra vez, em breve intervalo, quando menos esperarmos, mas quando mais precisarmos, pois o relógio do Sr. Acaso é preciso, não atrasa, nem adianta.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Quando entrar Setembro...


Os grãos de areia finalmente se esvaem numa velocidade absurda!

E quando chegam ao fim, me dou conta de que a ampulheta está colada na mesa.

O tempo parou, nem que seja na sua contagem, nem que seja na queda da areia.

Ele parou para que as horas descansassem, para que tudo pudesse ser observado na magia do estar contemplativo. E para alertar que a espera é em vão. Não se pode voltar neste túnel de mão única, não se pode simplesmente dar passos em ré. A teia convida para a ascensão, numa espiral estonteante, onde a galgada me traz, me entrega e eu me entrego a ela, emaranhadamente perdida para me encontrar no final.

Esta Primavera que chega é tão interessante! Ela traz a renovação dos sentimentos, a vivacidade, a esperança real de que tudo pode e deve mudar, pois somos seres em constante movimento e mutação.

E Setembro chegou, anunciando que meu Inferno vai ser diferente, pois tem um novo astral. Tem um querer, tem vontades de mais e mais, e tenho muito para dar e receber, pérolas a compartilhar com quem quiser chegar, simplesmente passar ou ficar um bocadinho mais.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Uma nova paisagem

Uma nova paisagem, um novo horizonte, um convite ao salto pelo misterioso desconhecido, podem sempre render sensações curiosas.

O mar se apresenta revolto em sua superfície, cinza no turbilhão das ondas que abraçam a orla, mas se nos lançarmos destemidamente ao outro lado da proteção, se mergulharmos no olho de sua revolta e explorarmos seu âmago, nos depararemos com o azul profundo, o silêncio e a calma que se instalam em suas profundezas.

Não é preciso utilizar-se de lentes capazes de transpor a distância, vencer diferenças e ajustar distorções para se chegar a este ponto onde o céu se dissolve no mar e o mar devora sua estrelas.

Nesse lugar, só se chega flutuando com os olhares, deixando que o vento acaricie cada poro da epiderme, envolvendo-se com o canto e os encantos das sereias, entorpecendo-se com os aromas que se desprendem dos néctares mais raros, e aguçando o paladar para que nada se perca do gosto doce desse delicioso desconhecido.