segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Carta ao meu amor


Não imagina o quanto senti a sua falta nos últimos tempos! Tinha a sensação de estar esfacelada. Ausentou-se sem me dizer aonde ia e onde estava. Nem ao menos deixou uma nota para me manter mais tranquila e saber que voltaria um dia!

Meus dias ficaram incompletos, sem razão de ser, pois já não tinha mais graça olhar para o céu, mergulhar no azul infinito, enamorar a lua, ou cantarolar na chuva. Onde estava a beleza das flores, do mar, dos campos e das cores?

Também não conseguia mais sentir o quão prazeroso é acordar com aquela sensação inexplicável de que o dia está maravilhoso, que a vida é bela, mesmo quando tudo insiste em me mostrar o contrário.

Sabe aqueles sorrisos sem graça cheios de graça e inesperados que eu só tinha com você ao meu lado? Também não se faziam mais presentes.

Quando você se fez ausente, parece que levou muitas outras presenças de minha vida e me deixou com muitas ausências que eu nem sabia que existiam.

E o meu coração? Pobre e infeliz dele! Morrendo com as pulsações escassas, mantendo-se vivo somente o suficiente para que meus outros órgãos não sucumbissem; como que por piedade!

Eu te odiei com todas as forças que me restaram! Praguejei-te e jurei que não ia te querer mais, se voltasse um dia! Tentei te substituir, na certeza de que não precisava mais de você. E até achei que havia conseguido, afinal, você nem era tão imprescindível assim...

Mas não é que você, bem no momento em que eu acreditava que já havia te superado, volta? Assim, sem mais nem menos, na certeza de que vai ser aceito, sem resistências de minha parte, sem nossas eternas discussões e argumentações?

Começo a examiná-lo e vejo que está diferente, traz algo de mais maduro em sua bagagem. Mais certo de si, apresenta-se com uma nova roupagem. Parece até que cresceu, que não cabe em si! Tento disfarçar.

Não posso me deixar levar, nem deixar de perguntar, de questioná-lo. Afinal, depois de todo esse tempo de seu paradeiro desconhecido, mereço uma explicação! Aí você me vem com aquelas respostas que sempre acabaram me levando:

‘Eu sempre estive com você, de alguma forma!’– diz, com todo o seu atrevimento característico. ‘E agora, voltei para ficar!’ – completa, descaradamente.

Eu até tento não demonstrar, mas acabo me entregando, sem muita relutância, por mais que tente parecer inabalada. Você chega e simplesmente se instala! E eu, sem muitas forças, recomeço a te enamorar. Imponho minhas novas condições (pouquíssimas), é claro, e te abraço como nunca! De todas as formas que ainda nem conheço...

Ah, meu amor... Eu precisava escrever pra te dizer: Que bom que está de volta!... Que bom que consigo te sentir novamente!... E que bom foi descobrir que nunca me abandonou! Sempre foi meu e esteve comigo, o meu amor incondicional, que me faz amar todas as coisas e pessoas que me rodeiam, a vida, e, principalmente, a minha vida; antes, e para que eu consiga me encantar pelas novas luzes que se achegam a ela neste momento!

Sem mais... nem menos!

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